Repousa o corpo tranquilo No funeral da coxilha Terra bordada em flechilha É o catre de quem retorna A tarde em comprida forma Das guanxumas e alecrins Não há tristezas nem fins Na morte que o campo adorna Não há tristeza no pio Da perdiz ciscando a vida Não há fim quando a partida Vai se tornando chegada Quem foi de campo e de estrada Não quer melhor companhia Que o largo das sesmarias Ao luxo de uma invernada Morreu num final de tarde Entre pasto rebrotado Quando uma ponta de gado Buscava a paz de algum capão A noite acende um clarão Prendendo velas miúdas Em dois olhos de coruja No castiçal de um moirão E o campo todo recebe Corpo e alma em funeral Se tornará cinza e sal Fundida com terra e água E o choro da madrugada Que entre seus pelos entranha Da brilho a teia da aranha Na macega, deu pousada Por isso que minha gente Jamais enterra um cavalo O campo sabe cuidá-lo Quando pra nós tudo encerra A natureza não erra Ressuscita na coxilha Nas flores da maçanilha Graça e força sobre a terra