Era pedra e seguiu pedra Por eterna, a vida inteira Que um dia ficou no campo Cansou de ser boleadeira. A pedra da boleadeira Nesta terra se perdeu Mas nos meus olhos de campo Um dia assim, renasceu... Brotou do ventre da terra Com paciência secular Esperando pra ser vento E assim, de novo voar. Não voou por muitos anos Perdida das outras duas Mas sempre guardou a forma Redonda, em feito de lua... Foi surgir desenterrada Do mesmo jeito que veio Junto de um cocho de sal Num parador de rodeio. Pela lembrança da terra Muitos séculos de história Que guardou fundos de campos No rastro de sua memória... Por fora suja de terra Mas com mistérios por dentro Mostrando o vinco do couro Bem recortado em seu centro. Trezentos anos talvez!!! Renascida sobre a terra Mansa, serena qual pedra Quem já foi arma de guerra. No alto de um coxilhão Bem onde foi esquecida Ganhou palavra de terra Pois meu olhar lhe deu vida Das mãos de um índio charrua Pra minhas mãos de campeiro A pedra da boleadeira Tem sempre rumo certeiro...