Recém volvi lá da estância Depois de banhar o gado E esta tarde foi um forno Com o sol do alto planchado As bolheadeiras... E as talhas Repinicando o alambrado É esse o rastro do casco Deste taura missioneiro Cruzo inverno a cavalo Por este pago campeiro Em marchas e recolutas Desta lida de posteiro Apesar desses rigores Conservo a alma serena Se o meu poncho vara água E as garras chegam dar pena No meu rancho nunca falta Cara alegre e jerva buena!! Assoviando campereio Naquele flete de estouro Recorro bem o banhado Por que é feio tirar um couro E o patrão me disse ontem Que inté um guacho vale ouro! Às vezes me falta plata Inté pra ver as morena Faço de conta e não vejo Sigo meu tranco torena Guincho galpão... Tranço laço Galopeio algum ventena!! Enganchar um boi no laço Num aparte em tempo feio Pra livrar um companheiro De algum gavião sem costeio É um mandamento pampeano Que aprendi no pastoreio... O patrão me deu um pingo Um dos tanto que ele tem Um primor de bom de rédea De patas solto tambem Mas que amanhece aluado E não carrega ninguém Já sovei-lhe o couro a mango Risquei ele com as soronas Não encilho mais o tufo Nem com festas e cordeonas Me rebentou um serigote E estraviou duas caronas! Me falta força e tutano Pra seguir nessa labuta Tenho o corpo mais pesado E a coragem menos bruta Pois só mágoas campereio Com penas de recoluta! E me vou deixando o rastro Na invernada e no potreiro Tudo que fiz nesta vida Com garoa e com pampeiro Hoje... são simples memórias Do meu recuerdo posteiro!!