Para cantar minha querência Fiz meu verso mais bonito Lhe botei cerne de angico Pra sustentar minha crença Para cantar minhas querência Cantei a simplicidade E a ilusão da eternidade Sonhada na descendência Quando eu canto meu rincão Eu encontro minha vida Ponta de gado perdida Na manhã de cerração Quando eu canto meu rincão Eu canto as pequenas coisas O barro das mariposas E os bois que puxam arrastão Pra cantar meu lugar Faço versos campo a fora Se o trote faz cantar a espora Me faz olvidar o penar Para cantar meu lugar Falo de força e lida Corda de couro estendida No equilíbrio de chinchar Quando canto meu rincão Canto sacando o sombreiro Do peito... não há dinheiro Que compre um palmo de chão Canto a estripe do meu pago Pendoado de terra e gente O pasto solta a semente Vinga mais pasto do lado Eu sou cantor de algum lugar E é esse meu elemento A lua tem quatro tempos E um só jeito de cruzar Para cantar minha querência O meu mais belo poema Que caia na terra buena Pra florescer minha crença