Se acabou a primeira sova do jeito mais desastrado Rodou o amadrinhador num lançante esburacado Que bagual corcoveador e meio louco o bragado Deixou as pilchas do Almançor penduradas nos farpados Que carreira mal havida deu o baio meio focinho Mas o povo nas balizas diz que ganhou o douradilho Cruzou de meio o fiador, se viu foi trampa de fato Na guaiaca o julgador e nem bateram o retrato São causos das noites grandes entre labareda e sombra Um pardo bate o bordão quem não conhece se assombra Abre o livro do galpão num relato por milonga E é da boca de um peão que este universo se alonga Quem lida com touro brabo convém não andar com pressa Ontonte no Parador, touro abichado na peça Um tiro de meia espalda foi que fez a porcaria Planchou-se a égua gateada sem tempo de abrir a presilha Bateram as chuvas de julho bufando ar de tragédia Norato encilhou o tordilho, foi pra costa a meia-rédea Salvou o gado das enchentes e última vez que alguém viu Trazia um guaxo no frente cruzando o meio do rio O que eu trago desta gente me toca seguir contando Não me importa a geografia com a vida de contrabando A guitarra que me ronda e um verso de quando em quando Busco em "aires" de milonga ar pra seguir respirando!