Luiz Marenco

De Santa Clara Ao Além

Luiz Marenco


A lua se põe à vista
Como quem vem de visita
Semear a imagem bonita
Nos confins dos corredores
Beijar a face das flores
Chegar nos ranchos por frestas
E despertar a seresta
No peito dos cantadores

Um raio guacho descansa
Sobre as loncas ressequidas
Que de dia tomam vida
E à noite velam as penas 
Dorme um par de nazarenas 
No gancho da pitangueira 
Sonhando com a barrigueira 
E a fúria dos mais ventenas

Lá no oitão da ramada
Um grilo altivo e faceiro 
Dobra o canto feiticeiro
E um cusco deita ao relento 
Vem no reponte do vento 
De longe um berro de touro 
E uma tropilha de mouros 
Retoça no firmamento

Se Deus artista pintou
Este quadra à imagem Sua 
Faz dele a estampa xirua 
Dolente tristonha e bela 
A cada quadro uma tela 
Conforme o quadro lunar 
Para que se possa olhar 
E adormecer dentro dela