Estava descendo a rua Chã da Bala Quando encontrei o diabo Ele me pareceu preocupado Me olhou desconfiado Me sentindo encorajado O convidei pra conversar Ele aceitou meu convite prontamente Taperoá tava tão quente O cão suava mais que um pano de cuscuz Fomos a um bar pra tomar uma aguardente Rolava um som meio estridente E o demo educadamente Pediu para rolar um Blues Era um domingo e os cidadãos de bem Juntos aos seus Voltavam pros seus lares Isentos de pecado e abençoados por Deus E nos olhavam indignados escarnecidos aviltados Com nossa vil presença E a gente com delicadeza com elegância e com grandeza Retribuia a gentileza com nossa indiferença Depois de vários drinks diversos B B Kings E outras cositas mais o Satanás mais a vontade Com um riso de cumplicidade olhando o fundo da cidade Me falou enfim Luiz as coisas não são bem assim Quero registrar minha indignação Como um desagravo uma reparação Por todo o mal atribuído a mim Vocês criaram os deuses e eu entendo em fim Pois o fardo da existência é bem pesado Mas aqui entre os mortais me sinto ameaçado Por isso vou embora pois não sou bem quisto Além do mais não sou herói nem muito menos Cristo E não Quero ser também crucificado Estava descendo a rua Chã da Bala Quando encontrei o diabo