E chove que chove, e venta que venta fazia semana. E eu na varanda metido em capote, deitado na rede, fumando de palha, tirando pestana. Mas um passarinho, um desgraçadinho, mexeu co´s meu brio de home raçudo e trabalhadô. Sem tento no vento, sem tento na chuva, num vai e que vem trazendo folhagem, o tar passarinho fazia seu ninho. Olhei só de esgueio o ente avoa: “Ocê ta pensando que quem só trabalha com esse tempinho é o passarinho? Pois fique pensando, pensando e avoando...” No átimo ergui, ranquei o capote, saí da varanda pisando pesado com fogo no olhar, dizendo pro mundo: “Eu vou trabalhar, eu vou trabalhar!” Mas quando meti os pé no terreiro, os pé eu botei num sujo de vaca. Mas que tramboião! Bati co`a cacunda, co`a palma da mão e todo borrado de sujo de vaca, um sujo molhado. Voltei pra varanda, meti o capote, mandei o passarinho pra`quele lugar: era um bem-te-vi. Deitei e dormi. Ô tempinho viscoso!