Sempre que chega a florada Junto com o mês de agosto Eu me vejo entristecido Porque já fui mais disposto Eu sinto o peso da idade Vejo as rugas do meu rosto A natureza floresce Só meu coração padece Da vida perdi o gosto Passar o restinho do tempo Longe de quem mais adora É como a noite que some Logo no romper da aurora As horas quase não passam Como a solidão que ancora Eu só não vejo passar A saudade de um olhar De quem um dia foi embora É por isso que eu sofro Quando chega a primavera Vejo os passarinhos juntos Eu sozinho na tapera É uma dor que me castiga E que nunca regenera É fogo ardendo em brasa Onde a chama passa e arrasa E o meu peito incinera Assim vão passando os dias Até a nova estação Natureza se renova Só minha vida que não Hoje eu vivo amargurado No inverno da solidão Só espero chegar a hora Pra quando eu for embora Desse mundo de ilusão