Vivo num lugar distante Onde o rio passa encostado Quando chega a tardinha Que o tempo fica ofuscado, ai Eu olho pro horizonte Vejo o Sol avermelhado Um jaó cantando triste Me deixa mais magoado A tristeza me judia Logo no romper da aurora Pobre do meu coração Sofre por quem foi embora, ai Quando a saudade aperta Sei que ela também chora Passo os dias esperando Que ela volte a qualquer hora Quando chega o verão Que o ar fica tremendo A sabiá barranqueira Todo ano eu fico vendo, ai Bem na trava do meu rancho O seu ninho vai tecendo Só eu que vivo sozinho E por amor vou padecendo O que o tempo faz comigo É o que mais me entristece A cada ano que passa Esse pobre se envelhece, ai Bem da soleira da porta Eu vejo quando anoitece Ainda tenho esperança Que um dia ela aparece