Eu fiz a minha canoa Com madeira emparelhada Entralhei meus panos de rede Toda de malha capeada Chego na beira do rio Aonde não tem galhada Beirando o Sapucaí Eu faço a minha pescada Lá no bico da canoa Levo um lampião amarrado Pra clarear noite escura Quando não tá estrelado Tenho minha cartucheira Do cano inteiro raiado Distância de poucas braças Cateto cai debruçado Uso um varão de bambu Com a canoa apoitada Eu pesco com isca viva Pra não perder a fisgada Eu volto bem de noitinha Com a fieira lotada Quando eu chego lá no rancho Já é alta madrugada Sou pirangueiro famoso Com fama na redondeza Aprendi desde menino Viver junto à natureza Tenho uma viola boa Ela é minha defesa Por isso é que o caipira Quase não sente tristeza