Carrego nos ombros o peso da idade A louca saudade da vida de peão Oitenta janeiros calejaram a vida Estrada comprida com boiada e chão Velho independente já fora dos trilhos Pedi a um filho que me desse a mão Fui chefe de tropa, guiei comitiva Lembrança tão viva que trago na mente Lembro com saudade os meus companheiros Lembro o berranteiro tocando na frente Na firmeza das pernas carreguei meu pala E hoje a bengala carrega o doente Quero ver novamente a boiada branquinha Exatamente igualzinhas as que toquei no estradão Meu querido filho encerro a jornada Olhando a boiada, a minha paixão Me leve de novo na estrada da vida Que a dura vida me fez campeão Ao chegar no destino avistei a boiada E a peonada de culatra a ponteiro Os peões gritando matou a saudade Acabou a ansiedade desse velho estradeiro Só tem um detalhe, eu não mais tocava Apenas olhava num adeus derradeiro