Moro num sítio,um paraíso na terra, Quem disser que é céu não erra Porque o céu é Deus quem dá Se alguem pensar que o caipira está mentindo, Por favor seja bem-vindo Passe prá banda de cá De quatro aguas, minha casinha azul clara E a cancela de vara, combinando com o paiol Léguas de beiço, passeio que não se esquece, A estrada faz muito S, devolteio e caracol. No meu quintal tem um pomar miscelâneo, Sabiá canta espontâneo, bicando a fruta madura Passarinhada gorgeando organiza a festa Sinfonia igual a esta não se encontra em partitura Os beija-flores,pequeninos e verdinhos Inocentes fazem ninhos nas ramas das trepadeiras E nas cabaças que eu preparei e curti Tem abelhas jataí, as mais perfeitas meleiras. Na minha roça, formei uma plantação Com muda de coco anão verdadeiro da Bahia Se chove a noite, a fauna já sai da mata Cão de caça faz bravata Com tatu, paca e cotia E nas colheitas, a arreata desamarro, A boiada vai pro carro e o carro canta, queixoso Meus quatro bois,crioulos de raça mista: "furta-cor","engana-vista","encerado" e "lumioso" A agua pura, que na serra agita e vaza, Encanei dentro de casa, Corre livre na cozinha Nunca faltaram pilão e monjolo novo Um cesto pra colher ovo De angola, pata e galinha Levo esta vida sem malícia e sem maldade De amor e felicidade meu coração anda cheio Por ser roceiro, viver no mato escondido Que ganhei o apelido de caboclo "Pé-Vermeio"