Na beira do Rio Formoso fiz um rancho de taboca Coração verde da mata onde a onça faz a toca No Jirau já tem fartura de farinha e tapioca E o meu prato preferido é cateto com mandioca No machado fiz voar os cavacos da peroba Plantei milho e feijão, dei sumiço na saroba Bebo agua lá na bica numa folha de taioba Escutando o jaó no meio da guariroba Desce o sol avermelhado na fumaça da coivara Saracura vem chorosa, quebrei tres potes não para As caçadas de tatu quando é madrugada clara Eu garanto o espeto misto quando fisgo a capivara No relógio de matuto urutau que faz a hora Como canta a mãe-da-lua quando a natureza chora No virar da meia-noite nos mistérios desta flora Já vi saci-pererê levar surra de caipora Sou feliz olhando a lontra, quando nada vem de arranco No olhar de cada bicho eu vejo um amigo franco Longe da corrupção eu vou aguentando o tranco Aqui não tem criminoso e nem colarinho branco.