Em andanças por caminhos Fez sua vida carreteando O próprio destino de peão Cruzou sanga, cruzou mar Pedra e pó encurtando Distâncias ganhou o pão Traçando estradas Nos atalhos primitivos No horizonte do bem longe andejou Como cobra Se estendendo nas coxilhas Novas querências o seu rastro demarcou Transportou com segurança Os mantimentos Para o comércio dos bolichos Nas estradas Carreteou cargas de lã De sal e charque E a própria história No ajoujo da boiada Nas pousadas foi plantando Vilarejos no ofício Da campeira geografia Pelo pago teve amores Que marcaram qual o canto Da carreta que rangia Rasgou o pampa Em léguas de solidão E da carreta fez trincheira e fez morada Fez da Lua, do cachorro e dos avios Companheiros incansáveis das jornadas Do roda roda do tempo vão sumindo A junta mansa e a carreta velho trastes Porém a fibra do remoto carreteiro Não há tempo ou pedregulho que desgaste