Um violão bordoneia Canta um boêmio na sala E Rosa escuta este tango Que é uma faca a penetrá-la Nossa Senhora das noites Não se aquarela em figura Não tem a estampa em moldura Nem quadro pra sustentá-la À meia luz de uma sala Gritam borrachos por ela E choram tocos de vela Nos gargalos das garrafas Seu nome no nome delas Conceição, Maria e Glória Cada qual com sua história Numa dor que não se apruma Os lábios claros de espuma Soletrando o "assim seja" Reclamam: venha mais uma E a mão destapa a cerveja A saia na meia-perna Os seios postos de fora E a tudo, Nossa Senhora Não aceitando, compreende O álcool ferve os instintos Neste concílio de loucas E a sede que está nas almas Grita deserto nas bocas Nossa Senhora das noites Que espia pelas janelas Põe tuas mãos sobre elas Antes que aclare a manhã Perdoa os duros pecados Dessas rosas cortesãs De corações destroçados Sob a seda dos sutiãs!