A filha moça, mocita Na garupa de um gaudério Pelo mundo se rolou A mãe, triste, se pergunta Se indaga se foi pra isso Que a pariu e que a criou O olhar de insônia e de pranto Se afunda na várzea longe Nesta várzea fim de mundo Por onde a filha se foi Por onde a filha se foi O pai, xiru quietarrão Ferido muito por dentro Sofre a um só tempo por ele Pela filha e a mulher E a mágoa é tanta, tão grande Que quase nele não cabe Riscando dois regos claros Se derrama pelos olhos Para lembrar-lhe, na boca Gosto de cinza e de sal Quem disse que homem não chora Não teve filha roubada Por um gaudério qualquer O pranto nasce dos olhos Mas é cego, não distingue Se esses olhos donde brota São de macho ou de mulher E no silêncio do rancho Donde ausentou-se o sol claro Do riso da moça filha Pinga que pinga a goteira Mal remendada do oitão Como se chuva entendida Da mágoa dos dois velhitos Lá dos olhos da goteira Pinga-pingasse aos pouquitos Para chorar junto aos dois A mesma chuva - culpada Que apagou no pó da estrada O rastro da que fugiu.