De manhã cedo essa senhora se conforma Bota a mesa, tira o pó Lava a roupa, seca os olhos Ah, como essas santa não se esquece De pedir pelas mulheres, pelos filhos, pelo pão Depois sorri, meio sem graça E abraça aquele homem, aquele mundo Que a faz assim, feliz De tardezinha essa menina se namora Se enfeita, se decora Sabe tudo, não faz mal Ah, como essa coisa é tão bonita Ser cantora, ser artista Isso tudo é muito bom E chora tanto de prazer e de agonia De algum dia, qualquer dia Entender de ser feliz De madrugada essa mulher faz tanto estrago Tira a roupa, faz a cama Vira a mesa, seca o bar Ah, como essa louca se esquece Quantos homens enlouquece Nessa boca, nesse chão Depois parece que acha graça E agradece ao destino aquilo tudo Que a faz tão infeliz Essa menina, essa mulher, essa senhora Em que esbarro toda hora No espelho casual É de sombra e tanta luz De tanta lama e tanta cruz Que acha tudo natural