Cabô, vinte anos de idade Quase vinte e um Pai de um, quase dois E depois das vinte horas Menino, volte pra casa! Cabô Ô Neide, cadê menino? Cabô, quinze anos de idade Incompletos seis Eram só seis horas da tarde Cabô, cadê menino? Quem vai pagar a conta? Quem vai contar os corpos? Quem vai catar os cacos dos corações? Quem vai apagar as recordações? Quem vai secar cada gota De suor e sangue? Cada gota de suor e sangue Cabô Pedindo proteção pros meus voltarem são e salvos Pra eles não virarem alvos Pra acabar, ainda é cedo Tanta notícia ruim me gera medo, confesso Então, por quem perdeu, eu também peço Saber que tava tudo bem, e que do nada muda Como fica pra quem fica Se tudo se tudo se danifica? Me explica! Que muito ainda faria se estivesse presente, que ainda tinha o mundo pela frente Mas é indiferente Olha como é com a gente, bem comum Na sua visão, foi só mais um, não te faz falta Nas manchetes, não são pautas Branco aqui também assalta Mas a cor que determina, num plano que extermina Você diz ter vitimismo Usa o termo mimimi demonstrando descaso E só mostrando seu egoísmo Até quando vamos ver, por nada, preto morrer? Sangue escorrer e ninguém pra nos socorrer A quem vamos recorrer? Quem vai pagar a conta? Quem vai contar os corpos? Quem vai catar os cacos dos corações? Quem vai apagar as recordações? Quem vai secar cada gota De suor e sangue? Cada gota de suor e sangue Ô Neide, ô, Neide, ô, Neide Ô Neide, ô, Neide, ô, Neide Cabô