Levanto de manhãzinha e começo a caminhada Aparto os bezerrinhos, alimentando a porcada É essa minha labuta, antes do cabo da enxada La vou eu cuidar da terra, com a foice faço a roçada Na moringa água da mina, a fresquinha e bem gelada A tardinha quando chove, João começa a empreitada Carrega barro fresquinho, pra fazer sua morada Tatu também se aproveita, cavando terra molhada As formigas caminhando, buscando a terra tombada Andorinhas se apresentam, começando a revoada Esta vida é muito linda, me orgulho desta jornada Que vivo no meu ranchinho, juntinho da minha amada É um pedaço de chão, na beira de uma estrada A noitinha quando chego, junto da lua prateada Vaga-lumes me recebem e iluminam minha chegada Sento na sola da porta, pego a viola afinada Trazido por um dos filhos, me pedindo uma toada Eu toco Tião Carreiro, João Mulato e Zé da Estrada Raul Torres e Florêncio, toco a mais apaixonada É assim toda noitinha, nesta terra abençoada E nos finais de semana, quando vem a parentada Tem almoço e tem catira, tem festa e tem trucada La na beira do fogão, conversa a muierada Depois rezamos um terço, pela alma já passada E pedimos para Deus, abençoar, vida adorada