Lourenço e Lourival

Eterna Saudade

Lourenço e Lourival


Eu peguei carona no meu pensamento
E voltei ao tempo que eu era criança
E me vi montado num cavalo de pau
Em nosso quintal galopando a esperança

Vi minha mãezinha barreando o fogão
Com os pés no chão e perseverança
Vi a irmã caçula com a boneca de milho
Como se fosse um filho brincando de trança

Eu o papai com machado e facão
Fazendo um pilão no alvorecer
Um carro de boi e o cocão gemendo
E talvez querendo algo me dizer

Eu vi borboletas de variadas cores
Vi os beija-flores na copa do ipê
Eu vi no balaio galinha botando
E outra chocando, vi pintinho nascer

Eu vi a magia da graça divina
Fechando as cortinas do véu cerração
Vi o astro rei nascer no horizonte
Entre serras e montes e o luar do sertão

Eu vi as colmeias com favos de mel
E o Papai Noel da minha ilusão
Eu vi o engenho, moinho e paiol
E o pôr do Sol lá no espigão

Vi o ribeirão e o cachorro amigo
Brincando comigo firmando amizade
Eu vi meu carrinho feito de madeira
Minha mamadeira de um ano de idade

Vi o primeiro amor quando meu coração
Conheceu paixão em plena mocidade
Eu vi o monjolo batendo perfeito
Deixando em meu peito eterna saudade