Caipira nasce caipira A natureza não nega Caboclo que é caboclo Não vive em selva de pedra Caipira é potro sem doma Que a cidade não amansa Tem a terra como mãe E a liberdade como herança Aqui na cidade grande Eu não consigo viver Através desta canção Você vão saber por quê Caipira mora no mato Num rancho de tabatinga Fuma cigarro de palha Sempre aceso por um binga Água fresca lá da mina Conservada na moringa Molha os pés indo pra roça No orvalho que respinga Atravessa o atalho Passando pela restinga A noite volta pro rancho Pra jantar toma uma pinga O caboclo se levita Com o cheiro do alecrim Contemplando as borboletas Revoando no capim Com a lavoura viçosa E a roça de aipim Tico-tico no ingazeiro Com os filhos do chupim Passarada alimentando Com as larvas do cupim E o colibri beijando Todas as flores do jardim O caboclo tem monjolo Tem engenho e tem pilão Também tem fogão à lenha Um pomar no ribeirão Tem no pasto as vaquinhas Um cavalo alazão Tem o seu carro de boi Um cachorro e um violão Ele tem radio de pilha Pra ouvir uma canção E uma cabocla bonita Pra alegrar seu coração Eu sou filho do sertão Sou roceiro e sou do mato Eu sou um tapiocano Tabaréu, Jeca de fato Sou do campo, sou mambira Capiau e sou pacato Sou mateiro, sertanejo Caiçara, sou mulato Sou biriba, piraquara Caburé lá do regato Sou caipira, sou matuto Sou peão, caboclo nato