Ali bem na porta de uma padaria Entre as freguesia apareceu um cão Era muito magro e sem pedigree Começou a latir rolando no chão Até parecia que o pobre cachorro Pedia socorro e também compaixão Aquele padeiro insensível, ateu Ao cachorro não deu nenhuma atenção Cachorro sentindo que não tinha chance De ganhar um lanche, entrou em ação Rangendo os dentes enfrentou o padeiro E num pulo certeiro subiu no balcão Usando o instinto da mãe natureza Roubou da bandeja metade de um pão Num grande relance correndo saiu E logo sumiu virando o quarteirão O moço padeiro ficou revoltado Disse indignado: Eu vou te pegar Cachorro sem dono, ladrão, ordinário Amanhã no horário sei que vai voltar E no outro dia o cachorro voltou Outro pão pegou no mesmo lugar Aquele padeiro num gesto banal Naquele animal atirou pra matar O primeiro tiro acertou no pescoço E o outro no rosto do pobre animal Que saiu correndo, mas foi perseguido Pelo enfurecido padeiro, afinal Que viu o cachorro chegar se arrastando Na boca levando o seu cereal Para um menino órfão de pais Que enfermo no cais estava tão mal E vendo o cachorro morrendo e ganindo Entregando ao menino aquele alimento Aquele padeiro não acreditava Que o pão que roubava era pro sustento Daquela criança que estava com fome E o bicho homem chorou no momento Ao ver o cachorro morrer sem saída Pra salvar a vida de alguém no relento Aquele padeiro se ajoelhou E o menino abraçou com grande agonia Chorando pediu perdão ao senhor Pelo desamor e sua covardia Aquele padeiro se regenerou E o menino adotou e assim dizia Voltarei ser cristão porque fui um profano O cão foi mais humano do que eu fui um dia