Não pretendo ser famoso Nem quero ser milionário Moro longe da cidade Num ranchinho solitário Não sou patrão de ninguém Também não sou operário O sertão me dá de tudo Não dependo de salário Pra vender minha colheita Não tenho intermediário Sei fazer os meus negócios Não preciso de empresário Eu não sou inteligente Mas também não sou otário Eu não caio em arapuca Nem no conto do vigário No meu rancho de barrote Tenho só o necessário Eu não uso anel de ouro Nem relógio calendário A floresta é meu jardim A lavoura é meu aquário A florada do ipê Marca meu aniversário Um cantinho do meu rancho Que serve de santuário Onde faço minha prece Ao bom Jesus do calvário Toda noite eu rezo um terço A intenção de um missionário As dez cordas da viola São contas do meu rosário Assim vou levando a vida E cumprindo meu fadário Canto moda sertaneja Só de tema imaginário Escrevo versos de amor Sem pegar no dicionário Todo mundo assim me chama De caboclo centenário