- Alô! - Escuta, se a mamãe está, diga que me atenda. Preciso lhe falar. - Acho que você é o mesmo que telefonou da outra vez não é? Eu acho que ela tá tomando banho e não pode atender agora - Diga que é preciso e que é importante, que venha me escutar - Tá bom, Mas eu acho que você fez alguma coisa pra ela Porque da outra vez, quando fui chamar, ela disse baixinho "Diga que a mamãe não está" - Me conta o seu titio é bom? Você vai à escola? Já fez a lição? - Fiz, sabe, quando a mamãe trabalha é a vizinha que me leva na escola Mas a mamãe assina o boletim. Os dos outros quem assina é o papai, mas o meu não! - Sabe, há sete anos que eu estou sofrendo. A idade que você já tem. - Eu não, só tenho seis anos, você conhece a minha mãe? Ela nunca falou de você. Peraí que eu vou chamar O telefone chora e ela não quer falar Pra quem dizer "te amo" se ela não vem me escutar O telefone chora, compreende o meu penar Pois sabe que ela não vai perdoar - E quando você está de férias no hotel da praia? Você gosta do mar? - Gosto!, gosto de brincar na areia e também já sei nadar Mas como você sabe que eu adoro a praia? Você já esteve lá alguma vez? - Sim, há muitos anos depois deixei vocês, mas eu as amo - Você me ama? Mas eu nunca vi você Por que você mudou a voz? Você tá chorando! O telefone chora e ela não quer falar Pra quem dizer "te amo" se ela não vem me escutar? O telefone chora, compreende o meu penar Pois sabe que ela não vai perdoar O telefone chora pra nunca mais chorar Quando souber porquê compreenderá - Diga que atenda! - Ela tá saindo! - Diga que espere! - Ela já foi - Se ela já foi, então, adeus - Tchau!