Saudade negra saudade que fere meu coração Trazendo a vida passada na minha imaginação Os anos me arrastaram longe da infância Florida Estou chegando ao fim da longa estrada da vida Meu pai era boiadeiro viajava desde menino E eu cresci nessa lida, nasci com o mesmo destino Meu pai morreu nas estradas marcado ao peso da idade No mundo eu sigo levando e negra cruz da saudade Sonhando às vezes em delírio, escuto na voz do vento O triste som de um berrante gemendo em meu pensamento Sonhando ainda eu vejo a minha rede armada Ainda sinto a friagem da brisa da madrugada Estou no fim dessa vida em meu exílio profundo Recordo as longas viagens pra aqueles ermos de mundo Hoje eu sou a poeira que o gado faz nas estradas Que vai sumindo aos poucos, vai se acabando em nada