A vida que a gente leva na cidade eu não agüento O nosso céu cor de anil aqui só vejo cinzento. Os carros e as industrias, o barulho é um tormento Pago caro água e luz e um aluguel violento Estou perdido na selva de ferro, pedra e cimento. Vou voltar pro meu sertão onde vejo a lua cheia Retirada do comercio umas seis léguas e meia. A onde o fogão a lenha bem cedinho a fumaceira A onde o homem é livre prepara a terra e semeia. Quem vive em apartamento quase mora na cadeia. Quem nunca viu o sertão viva comigo e veja A festa da passarada lá no paraíso verde Com água pura da mina eu mato a minha sede A noite no meu ranchinho eu deito na minha rede Lá dentro eu vejo a lua no buraco da parede. Falando em tranqüilidade no sertão eu não discuto Lá durmo de porta aberta num sossego absoluto Deus manda chuva na terra, planto e colho os frutos Longe da poluição, violência e crimes brutos E o orgulho que eu tenho que me chame de matuto.