Olhem pra vocês! Estão todos banhados em óleo, Jogaram-se dentro da máquina; Arranhões nos braços e pernas E ninguém carrega isqueiro, Mas todos fumam como loucos Ao que as árvores balançam Expulsando pássaros E derramando frutos. Se a brisa é o inverso da ventania E o ar que respiramos nos pertence, Por que a expiração sempre nos vence Se não existe mente fraca nem vazia? Se apenas uma perna nos segura E alçar vôo é só o sonho de uma pedra, Imaginem seu retorno em linda queda, Inflando, delicada e prematura. Conheço a natureza do concreto, Dos micróbios e das placas de trânsito, O que difere o ser humano de um inseto. Também conheço o outro plano, Dos automóveis com rabo de peixe, O dia que amanhece por engano. Mas a máquina não para, Trabalha cuspindo a honra dos homens. Não existe mão-de-obra, só o que há é matéria-prima. O aço cobre a nudez E toda gravata é aparafusada diretamente no pescoço. Vistam suas máscaras! Sejam bem-vindos ao mundo gasoso, Onde se come poeira E se bebe petróleo.