Eu nunca entendo os seus abraços Passo reto em suas curvas Sigo rente às suas rotas Me confundo nos seus passos Eu nunca leio as suas cartas Tenho medo da memória Me embriago de saudades Passo a noite com pena de mim E não é assim que deve ser Ainda temos muito, muito que fazer Quem sabe assim seguir em paz Deixar o que passou passar Eu nunca enxergo as minhas fotos Mudo a lente perco o foco Me disperso na fumaça Passo a noite achando graça de mim Eu nunca lembro os meus sonhos Deve ser porque acordo cedo demais Me afogo em copos rasos Crio atalhos, mas me perco no fim E não é assim que deve ser Ainda temos muito, muito pra viver Quem sabe assim seguir em paz Deixar o que passou passar Eu já não fecho as janelas Perdi o medo do escuro Desenho sob a luz de velas Planos de vôo do futuro Ainda guardo os seus discos Numa gaveta esquecida Nos fins de tarde sempre invento Que nunca esteve em minha vida