Boiada, triste boiada Na estrada cheia de pó Boiada, o meu coração Também caminha tão só Levando junto à saudade Velha esperança guardada Vai carregando a tristeza A passo lento na estrada A lua me beija o rosto Sereno me faz carinho O vento faz serenata Aonde eu durmo sozinho As estrelas são meus guardas Posso dormir sossegado E quando elas vão embora O sol vem juntar meu gado Saí de casa menino Deixei chorando meus pais Cresci no mundo sozinho E não voltei nunca mais A irmã deve estar casada A mãe que nunca me esquece Meu pai decerto está velho O irmão já nem me conhece Às vezes, na despedida Eu tenho que disfarçar Quando uma lágrima rola Caindo do meu olhar A poeira vai levantando No céu, formando um letreiro Se espalham em letras de pó Lembrança de um boiadeiro