Quando é que eu vou começar a viver de verdade Olhar no espelho e saber o que faço É bem mais fácil esperar, ficar de passagem Eu sei Porque até pra sorrir é preciso coragem Vou já Espera Deixa que vejo na segunda-feira De que adianta querer, mas temer a tristeza Melhor sofrer do que não sentir nada O simples fato de reconhecer já nos prova Por isso escrevo esses versos e a força renova Vou já Espera Deixa que vejo na segunda-feira A melhor coisa pra se fazer quando se tem algo para fazer É um poeminha Chamo de poeminha da procrastinação Ele é assim Começa num verso tímido que só quer um minuto pra si Ele é feito com meia atenção Meia ideia, meia vontade Ou até menos Porque não há tanto a vontade de fazer o poema Só a não-vontade de se fazer o que se tem que fazer O mais curioso do poeminha É o paradoxo filosófico que ele porta Você sabe que não fez um poema E sabe, melhor que ninguém Que também não fez aquilo que só você sabe que deveria fazer No final do poeminha, eis o que você conseguiu Ao fazer uma coisa Não-fazer duas