Domingo cedo vou às compras no mercado Compro fiado e o preço bom Fazendo a feira escolho um frango depenado Pois a patroa fez as unhas, até passou batom Não fica bem pedir a ela um sacrifício Já é difícil ela vestir o avental Vou pra cozinha a fim Fazer galinha sim Ao molho pardo, à cabidela, coisa e tal O sangue é fresco, mas o chef é muito macho E faz despacho para Xangô Tempero é caldo de pimenta malagueta E a cerveja, de tão fria, quase congelou Uma cachaça lá do Serro é aperitivo O tira-gosto é moela ao alho e sal E a criançada não Gosta do prato “bão” Pois na esquina o big mac é bem legal Depois do almoço ainda tiro uma soneca Vou zapeando entre Faustos e Augustus Passo pro jogo e faço planos com a loteca, pra ver Se chuto a crise que parece solução não ter Vejo o Fantástico e cogito o suicídio Mudo de idéia se aparece a Globeleza A vida é boa, eu sei E o mal é o bem que deu defeito E faz malfeito atropelando a nossa lei Eu saio cedo na segunda pro batente O dia quente me faz suar Vou de metrô com muita pressa pro trabalho Pois o gerente quase sempre é o primeiro a chegar E olha feio se eu chego depois dele Diz a galera que ele bate na mulher Mala sem alça, é Seja o que Deus quiser Pois nesta vida que se salve quem puder (E na marmita o garnisé!)