Meu corpo te deseja como o ar que eu respiro E andando pelas ruas eu evito te encontrar Ainda que eu veja o teu rosto no espelho A minha pulsação diz que é hora de parar Por mais que eu não queira ter de volta o teu brilho Existe um lado negro que sorri quando te vê E eu que já conheço esse lado obscuro Evito a todo custo o encontro com você Hoje não, hoje não Hoje não, hoje Eu quero ficar livre de você Corro pelo beco, a sirene me vigia E nesse desespero eu te vejo a me encarar Passos apressados, minha sombra é meu guia Eu desapareço qual fumaça pelo ar Quase me esqueço de manter o meu caminho Todos os atalhos me conduzem a você Cruzo a cidade adormecida sem destino Abro bem os olhos, eu não posso me perder Hoje não, hoje não Hoje não, hoje Eu quero ficar livre de você Meninos, viaturas e as luzes das vitrines Autoridade vil que esconde os seus crimes Guardas, camelôs e um monte de barracas Todo o barulho que produz o bate-estacas Tanta gente junta, espremida no metrô Tanta gente junta dentro de um elevador Não me surpreendo com a frieza demonstrada Por quem pula o corpo estirado na calçada Arde no meu peito a miséria que se aninha No pé-direito duplo de uma grande companhia Vejo o tumulto da ruidosa pregação É o roubo camuflado pela fé do cidadão Hoje não, hoje não Hoje não, hoje Eu quero ficar livre de você