O que direi aos meus filhos Quando perguntarem onde andei Quando homens violentos Brindaram o ódio e afogaram a lei O que direi aos meus filhos Quando perguntarem o que gritei Quando a mentira matou a verdade E o carrasco se tornou o rei O que direi aos meus netos Quando perguntarem qual foi o preço Quando cuspiram nos livros santos E viraram Deus pelo avesso O que direi aos meus netos Quando perguntarem o que fiz Quando eles nos intimidaram E nossas vidas estiveram por um triz Direi que lutei, que escrevi, que cantei, que corri Percorri nossas ruas Ora cheias, ora nuas Bradando por mim, por você e por nós Nós que não fazemos armas com a mão Nós que possuímos consciência e razão Não nos calaremos pela repressão Nós resistiremos na escuridão O que direi às crianças do futuro Quando perguntarem se é verdade Que os líderes desta época Saudavam morte e calamidade O que direi aos jovens do futuro Quando perguntarem se é real Que quando a praga moderna se alastrou O genocídio se tornou legal O que direi quando meu tempo passar Quando perguntarem o que aconteceu Com um país que outrora era livre E então, num repente violento não é mais Tomado por ódio e por cultos incultos E cultos de pastores, e igrejas desigrejas E os fiéis e seu pastor, com um gado controlado Por mensagens de robôs, programados por mefistos Que alimentam a palavra A palavra de ordem: E o nosso pelo pobre, pelo gay Pelo preto e por tantas Marielles que ainda vivem E resistem E existem Até quando? Até quando ainda vai dar? Até quando ainda vai dar pra existir? Um país que se tornou a capital do mal Com capitães do mato (viva o mito ou eu te mato) Capitão, capital do novo Reich Quarto Reich tropical Se aproximando, aproximando Se aproximando, aproximando Se aproximando, aproximando Se aproximando, aproximando Se aproximando, aproximando Se aproximando, aproximando De você! Direi que lutei, que escrevi, que cantei, que corri Percorri nossas ruas Ora cheias, ora nuas Bradando por mim, por você e por nós Nós que não fazemos armas com a mão Nós que possuímos consciência e razão Não nos calaremos pela repressão Nós resistiremos na escuridão