Dia e noite mês e ano Na solidão da estrada Entre chuva e sol ardente Neblina pó e geada Seguia um caminhoneiro Em sua dura jornada Com suor e muita luta Não deixava faltar nada Pra sua filha querida E sua mulher amada De regresso ao seu lar Numa fria madrugada Subindo e descendo serra Levando carga dobrada A saudade no seu peito Era a carga mais pesada O sono lhe golpeava Mais não quis fazer parada Para rever mais depressa Sua família adorada Na caverna do poente A lua foi se escondendo Numa descida de serra A serração foi crescendo Com a embriagues do sono Em sua frente foi vendo A estrada ficar estreita E o mundo escurecendo Se perdeu em uma curva No abismo foi descendo Quando o sol avermelhado Foi surgindo no nascente A cortina de fumaça Foi se abrindo lentamente Mostrando uma cena triste De um drama comovente Esse herói é meu pai Que descansa eternamente Vejo em cada irmão da estrada A sua imagem presente