Na onda do mar eu vim Na onda do mar eu vou Pedaços de mim se vão Outros tantos de mim, se servem Não sou uma embarcação Sou fragmento Quilha que rasga Vela que leva Sou ventania na costa Água que nasce em pedras Sou galho caído na areia Estrela querendo brilhar Sou a ferrugem no fundo E o reflexo, que brilha no mar Sou criança que rola na beira Adulto que seca ao luar Sou tantos, e sou ninguém Sou prata, ouro e algum vintém Sou verso escrito na areia Pegadas solitárias no bar Sou copo cheio de éter Sou lenço molhado de dor Sou lágrima pura dos santos O doce que o mar levou