Canta que a noite não é tão escura A ponto de errares a letra. Me pões a perder Quando estamos sós. Há luz manchando teu corpo E a revolta da lua Me perco enquanto somos nós. Canta que a greve da voz É menos feroz do que A guerra na América Central. É preciso que uma flor brote No coração da selva. Meu amor, anda tudo Esperando o bote do amanhã. Me pões a perder nesse afã. Canta, enche os meus ouvidos, Meu umbigo, minha garganta. Quero estar junto contigo no caminho Mesmo que erres. E subir a serra, descer a ladeira, Machucar o pé na Terra. Me pões a perder numa cantiga brasileira. Há quem diga que a paz não vai durar Mais um mês. Daqui a pouco talvez estaremos separados. Canta sobre a rua lapidada de políticos, De propaganda sem ideal. Me pões a perder Ainda há tempo no jornal Pra se esconder. Canta que'u permaneço no perigo caçando teu rival Só pra te escutar. Canta, canta, ensina-me o que é cantar!