A gente se agarra ao tempo sem horas Quebro os relógios, arranco ponteiros Morrendo de medo de abrir a janela Vivendo de amor, feliz em segredo Coloco cadeira, mesa e armário Na frente da porta, fecho a passagem A gente tem água, vinho e desejo Tudo que importa pra nossa viagem Seu corpo represa o rio da vida A gente se larga ao largo do mundo Ou cria um melhor só com dois habitantes Profundo, completo e longe de tudo. A vida reclama, as horas disparam O sol, as buzinas, o som da cidade O mundo sacode a porta e a janela A gente resiste ao dia que invade Que chegue a polícia, o dono do hotel A gente se agarra ao tempo sem horas Nós dois aqui dentro e o mundo lá fora Nós dois aqui dentro e o mundo lá fora Nós dois e o tempo aqui dentro. A vida é uma enchente, um trem que não para E assim que cruzar a porta do quarto Nos joga pra fora, nos joga na cara O cheiro, a textura e o gosto dos fatos Protejo esse mundo que corre perigo Te escondo nos olhos, te levo comigo Por tantas vielas que agora são nossas Meus braços te envolvem em mil labirintos Cavo trincheiras, ergo barricadas Mesmo sabendo que a causa é perdida Entro na luta por cada minuto Cada um deles transborda de vida A gente se entrega, triste e feliz Que no fundo o que importa é entrar nesse jogo Você me sorri, me beija e me diz: "no ano que vem a gente tenta de novo" Que chegue a polícia, o dono do hotel A gente se agarra ao tempo sem horas Nós dois aqui dentro e o mundo lá fora Nós dois aqui dentro e o mundo lá fora Nós dois e o tempo aqui dentro