Fera é o homem, que na lida se abaguala E por ser fera, na forma um potro fera embuçala Fera é o potro, corcoveando campo afora Sentindo o peso dos bastos berrando à pua da espora Fera é a espora, riscando a carne do potro Mostrando o sangue pro campo pra que o campo lhe mande outro O campo se torna fera quando o inverno estende o braço Fazendo verter o banhado, dando serviço pro laço O laço também é fera, quando dos tentos desata Juntando o boi contra o chão... por mais que ele mande pata É fera o boi que atropela, quando alguém tenta apartá-lo Num refugo de mangueira, se vem de encontro ao cavalo São feras mas se amansam, se mais adiante bombeá-los... O homem mateia quieto e o potro se faz cavalo A espora no cavalete perde a fúria do garrão E o campo racha a vertente quando se achega o verão O laço se mal cinchado rebenta qual brincadeira E o boi atropelador se ajoelha pra carneadeira São feras, mas se amansam...