À contragosto do tempo Renasço a cada poema Quando divago num tema Sou dono deste universo Com o silêncio converso Com o coração amadrinha E a rima brota sozinha Na plenitude do verso Me aguça um instinto potro Que surge nem sei de onde Também sei que não se esconde As coisas que a gente pensa Pois, quando a ideia pretensa Traduz o anseio campeiro Os olhos vertem luzeiros Devotos da mesma crença Às vezes, pareço louco E o verso que faço é pouco Pra tudo que penso e sei Outras vezes muito estranho O verso ganha tamanho Além do que imaginei Transcendo em luso poeta Mergulha em águas profundas Semeia em terras fecundas Suas ilusões mais concretas Se busca ânsias inquietas Encontra calma no ar puro Enxerga rumos no escuro Antes da estrofe completa Momento de bom presságio Bombeando a vida pra dentro A vocação vira o centro Da fé que move e converte E em cada linha reflete O que a alma prenuncia Na insensatez da poesia A inspiração se diverte