Se Deus me abençoa Chego de a cavalo levantando poeira Eu sou da fronteira E tenho a alma inteira neste chamamé Por um bem querer Encurto distâncias, não importa as léguas Que a sorte renega Quem não mete "os peito" e faz acontecer. O meu argumento é um verso gaúcho Que sovei na estrada Repontando a eguada Que de potros xucros fiz pingos de lei Sou de campo fino, de horizontes largos De amor e saudade E ando a vontade na pampa do mundo Em que me acostumei. Dou graças a Deus e sigo meu rumo... bem assim no más! Batendo na marca, talareando esporas, refazendo planos Só quem tem tutano costeia esta vida na força do braço E quando arma o laço por certo não fica matreiro pra traz. Se Deus me permite Vou alçar a perna... já pedi bolada! Nesta pataquada Da estampa grongueira, das voltas de peão O sorriso franco O jeito singelo de fazer amigos Pra cada perigo Um gesto, um abrigo um aperto de mão. De alma lavada, repasso os costumes Renovo a esperança Sou velho e criança, história curtida De terra e fumaça O sangue da raça, que ferve nas veias Sustenta um sulino Que bebe o destino, nas águas correntes Do tempo que passa.