Me criei num campo aberto Galopeando a liberdade Um dia me fiz de esperto E me cambiei pra cidade Queria ver mais de perto Essa tal de sociedade A minha primeira mágoa Aconteceu na chegada Fui pedir um copo d’água Numa casa agranfinada Desconfiaram do meu jeito E me tocaram a cachorrada A minha bombacha nova Com dois metros de pano Falei com o dono da casa Quem vai pagar o dano Que me disse espere um pouco E chamou os brigadianos Era um bando de milicos Que parecia um levante Me gritaram: Teje preso E me levaram por diante E ainda se vangloriavam Que prenderam um assaltante Levei algumas bordoadas Do soldado e do sargento Que queria a todo custo Que eu mostrasse os documentos E eu arranque da guaiaca A certidão de nascimento Me trancaram na cadeia Por três noite s e três dias Ao me ver em liberdade Eu me mandei a ala cria Voltei pra tranqüilidade Da querência que eu vivia Acho que até foi bem feito Que a polícia me prendeu Pra não deixar minha terra Que tanto gosto me deu Que eu conheço todo mundo E todos sabem que sou eu!