Me deram um naco de campo Pra plantar minha semente Só plante na Lua nova Germinando na crescente O meu pai fez serenata Minha mãe disse que sim Por isso que só existe Poesia dentro de mim! Sou cacimba de águas claras Vertente que nunca seca Me criei rolando o mundo Sempre levado da breca Poesia, China e cantiga Me arrastam pra qualquer lado Cordeona chora comigo Quando canto apaixonado Sou bugio, xote e vaneiras Dançando no chão batido Sou cordeona de oito baixos Resmungando num gemido Sou cantor das noites xucras Junto de um fogo de chão Sou o pouco que ainda resta Do rio grande a tradição Por isso eu quero um pedaço Na história desta querência Para os cantador do futuro Conhecerem a minha essência Do homem a vida esquece Mas há o poeta verdadeiro Que é sempre relembrado No calor de um braseiro