Nasceu no meio do pampa Respirando a liberdade Como o batismo, o orvalho Como abrigo uma ramada Ainda cheirando a placenta Com poucos dias de idade Deu o primeiro relincho Como a gritar liberdade Mais um dia a liberdade Correu perdendo a carreira E o potro sentiu o buçal Lhe arrastar pela mangueira Sentiu peso do mago Pintou de sangue a espora De um peão também domado Sem condições de melhora Domado a vida mudou E o potro perdeu o entono E as crinas que eram do vento Passaram a ter outro dono Guapo na lida do campo Em torneio e marcação Corredor de cancha reta Herói de revolução Hoje para o velho cavalo Que foi rei no seu rodeio Lhe vão pagar toda a luta Com o pealo mais feio Que brutal fatalidade Que sacrifício bagual Pra mandá-lo ao matadouro Vão tirar o buçal Faço do verso um relincho Desta cavalo abatido Perdendo a dignidade A vida não tem sentido Quem for gaúcho me siga E faça assim como eu Soltem a cavalo no campo Pra morrer como nasceu