Lá bem no alto da serra em meios alguns pinheiros Boiadeira na lagoa, água limpa no potreiro Um gaúcho bem pilchado com estampa de fazendeiro Em um cavalo tostado, bom de arreio e fogueteiro Domingo clareava o dia começava o entreveiro Presentes de chão batido, alevante no coqueiro Se não conhecer o jóquei, não jogue todo dinheiro Sorriso e olhos aberto, se livra dos linguiceiros Os panos em cima do lombo eu dou sessenta por nada E numa de trezentos metros a quem de cola virada Há quem grite sem reserva provocando a matungada Pode puxar do brete que eu dobro a parada Não é cria de égua seca, escancaro uma risada Joga o dinheiro na cancha nas patas da égua tostada Quem certo é que me enfrente, mas não se assuste moçada É o linguajar do gaúcho em dia de carreirada As prendas buscam namoro no entrevero da gauchada Na flauta e carreira ganha investe na gurizada Quando ganha um olhar as faces ficam rosada Se hoje tiver domingueira eu arranjo namorada Entrego o trinta na copa só não entrego a prateada Depois de passar na chaira eu passo na carne assada A canha abre o apetite, tô de viria delgada Churrasqueiro e canto umas que hoje não tem sesteada O homem veio embora e deixou os traste campeiros Lá no galpão da coxilha não se vê mais entreveiro E o grito do já se vieram bem no toco do pinheiro Um gurizito sentado com notas de um cruzeiro Cresce o brejo nos trilhos e a saudade dos parceiros Na distância do xirus que agora virou povoeiro Sem pilchas e sem cavalo ele mais um motoqueiro Que corre fora do trilho na cancha do desespero Na cancha reta da vida a quem pensa e analisa Joga somente o que sobra daquilo que economiza Aquele que é mais confiante joga até sua camisa Joga aquele que gosta, core aquele que precisa A evolução e o progresso não respeitam as divisas Na cancha e na cidade nos atropelam e nos pisam Do jeito que a coisa vai e o mundo não conscientiza E nesta carreirada todos perdem na baliza