Tua alma econômica, tua voz de atônica Teu pensar diabólico, tudo me faz sonhar Até tua ânsia de vômito, o teu medo dos óbitos Tua mesa de fórmica, sim, ela também me faz sonhar Tua tia católica, teu olhar de uma lâmpada Tua alma de âncora, tudo me faz sonhar As cadeiras, tuas ancas, cólicas, tuas histórias bucólicas Tuas noites insólitas, tudo me faz sonhar Teu irmão antipático, antiestético Teus silêncios somáticos, um pórtico pra esse teu pânico De ser efêmera Até um mundo de míopes cantaria em uníssono: Teu amor é meu déspota e meu coração Que era êxodo da tua cidade é munícipe O nosso é reinado é de príncipes E eu dançarei feito um lírico pra te tirar desse pântano Te darei beijo andróginos pra quebrar a matemática Pro sol serei os teus óculos O meu amor será invólucro e comigo também vai sonhar