Disparo por acaso Quanto vale o silêncio Quanto vale o sarcasmo Que correm nas esquinas e vasos do tempo? Ambivalente é o sonho Como a própria serpente carrego nos olhos A fúria de mil e uma cabeças Mas ao som me desfaço Pois a noite me leva todo embaraço Que o medo me entrega Então me ponho a parir Perigo na espera Avisto a pantera em que habito E o anjo de barro torcendo pelo seu fim Percebo na sombra, o risco Na segregação um capricho dispara Com rosas de ouro herdadas no trono E eu não valho mais nada, estou cego, sem voz O silêncio vespertino é alarde O choro da faca cega, covarde Nego o rancor, mas ele é quem cuida da dor Enquanto o anjo de barro Completa seu plano de mais puro sarro É tão reluzente Mas leva consigo o terror Ele então entra em cena Mas não merece a pena que pede Sua máscara cai De longe consigo ver Garante sua base forjada Seu certificado é mais nada que um berço de merda Que ele se orgulha de ter Sua estabilidade é de lítio Apodrece na língua o consolo que é visto Mas eu sou de aço e embora fique fraco Eu junto meus cacos e cresço até mais Dispare por acaso Quanto vale o desprezo, quanto vale o descaso Que morrem, nas vitrines de nossas cabeça? Nunca espere o consolo Pois aquilo que te espera não é nada de novo É a mesma esfera, que vai e volta sem fim Hoje trago notícias Pois traguei demais as minhas amídalas Hoje Enfim consigo ser Eu só acho uma pena Que a alma que agora me acena Não teve a oportunidade de me rever Mas sigo em silêncio Visto que este anjo de bosta é bem quisto Me calo, do ódio me desfaço Pois meu bem, tudo é pasto Engulo na goela do ralo que é casa E o ódio já não é mais nada pra mim Não é mais nada pra mim Não é mais nada pra mim