As andorinhas voltaram E eu também voltei Pousar no velho ninho Que um dia aqui deixei Nós somos andorinhas Que vão e que vem À procura de amor Às vezes volta cansada Ferida, machucada Mas volta pra casa Batendo suas asas Com grande dor Igual à andorinha Eu parti sonhando Mas foi tudo em vão Voltei sem felicidade Porque, na verdade Uma andorinha Voando sozinha Não faz verão Quando olho na parede e vejo o seu retrato As lágrimas banham meu rosto num pranto sem fim Sento na cama e fico sozinho no quarto Vem a saudade maldita, se apossa de mim Levanto, vou no guarda-roupa e abro as portas Vejo a blusa vermelha que você deixou Aí então o desespero rouba minha calma Eu saio pra rua e até minha alma Chora em silêncio ao sentir minha dor Deus, óh, Senhor poderoso, eu lhe faço um pedido Mande um alívio a esse coração que sofre Se ela um dia regressar, eu lhe agradeço Porém padecer, como eu padeço Prefiro mil vezes que me mande a morte Me disseram que ela foi vista com outro Num fuscão preto pela cidade a rodar Bem vestida igual a dama da noite Cheirando álcool e fumando sem parar Meu Deus do céu, diga que isto é mentira Se for verdade me esclareça por favor Daí a pouco eu mesmo vi o fuscão E os dois juntos se desmanchando de amor Fuscão preto, você é feito de aço Fez o meu peito em pedaço Também aprendeu a matar Fuscão preto, com o seu ronco maldito Meu castelo tão bonito Você fez desmoronar