Eu, você, nós dois Lavando a alma Na caixa d'água Em cima da laje E as nossas roupas Ao lado, no varal A tremular Feito bandeiras de paz Eu, você, nós dois Quitando as contas Tão atrasadas Desse velho caso de amor Deixando os filhos Na rua, no quintal A traquinar Jogos de guerra e de paz Ao Sol das dezenove Pleno horário de verão Ao Sol das dezenove Pleno horário de verão Ao Sol das dezenove Eu, você, a sós Ao menos por um dia Sem pudor De folga, de folia, de fogo Que acende enquanto o Sol perde o fulgor E até pelas paredes cai suor Enquanto nos amamos pelo chão E não pensamos que há de ser em vão Nossa trégua, nossa pacificação Eu, você, nós dois Conversa fora Portão de casa Cadeiras de praia Ouvindo os vizinhos Da casa lateral A comentar nosso momento de paz Eu, você, nós dois Voltando tontos Depois de tanto Carinho e cachaça E ainda consigo A tempo, observar No teu olhar A despedida fugaz Do Sol das dezenove Pleno horário de verão Do Sol das dezenove Pleno horário de verão Do Sol das dezenove Pleno horário de verão Do Sol das dezenove