Foi chegando no boteco um grã-fino bem falante Um caboclo conhecido com jeitão simpatizante Renome nas redondezas e conta na capital Com tipo de homem sério: Firme, forte e formal Sem dizer, naquele dia, que no bar tinha família e trabalhador rural E subindo na cadeira ele chamou a atenção Obrigado minha gente, é hora da decisão Tô cansado de mentira, de tanta corrupção Daqui 25 dias é dia de eleição Vamos fazer diferente, colocar gente da gente pro bem da população Foi uma salva de palmas e também muita euforia Pro povo que era carente virou festa aquele dia Passou a mão na algibeira e dali rancou cinquentão Dizendo que era pouco mas era de coração Pra galera animada tinha cerveja em rodada e espetinho com limão Cada vez tinha mais gente, foi virando multidão Uns gritavam: É gente boa! Outros: É gente do povão Chegou sanfona e pandeiro, também tinha violão Arrastaram as cadeiras e foi virando um bailão E o candidato a prefeito pegava o povo de jeito dando circo e dando pão Foi chegando o fim do dia ele riscou um checão E falou pro botequeiro: É pra depois da eleição O vendeiro pensativo pegou o cheque na mão Disse que ia confia porque o homi era dos bão E o sujeito candidato foi saindo apressado, levantou o poeirão Chegando o esperado dia o caboclo foi eleito Empregou todos os parentes e pros amigos deu um jeito A cidade abandonada, o povo ficou na mão Agora quem comandava era um covil de ladrão Essa é a realidade infelizmente no Brasil Com o cheque que ele deu até o vendeiro faliu